Um dos aspectos mais comprometidos pela endometriose – doença que afeta de 10% a 20% das mulheres em idade reprodutiva – é a sexualidade. São comuns relatos de dor durante a atividade sexual, o que leva muitas pacientes a diminuir a frequência das relações, provocando frustração e ansiedade e podendo até mesmo causar prejuízos ao vínculo do casal.
Estudo brasileiro publicado recentemente na Revista de Obstetrícia e Ginecologia avaliou a relação entre a gravidade da doença, a qualidade da vida sexual e a dor em 67 mulheres com idade média de 39 anos e endometriose profunda, atendidas em hospitais públicos de São Paulo. A pesquisa comprova que há uma associação relevante entre disfunção sexual e endometriose profunda.
“Noventa e quatro porcento das mulheres entrevistadas apresentavam uma dor importante durante a menstruação e 71% apontavam uma dor significativa durante a relação sexual”, explica Alexandre Faisal, médico e pesquisador científico da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), na coluna Saúde Feminina, do Jornal da USP.
No entanto, Faisal observa que nem toda dor ligada à atividade sexual pode ser atribuída à endometriose. “Cabe uma avaliação cautelosa e criteriosa sobre o histórico sexual dessa mulher antes e após o diagnóstico presuntivo ou definitivo da endometriose. A sexualidade é bastante complexa, e existem mulheres que têm endometriose e não têm dor, e o contrário”, pondera.
O médico acrescenta que existem critérios clínicos para diferenciar a dor que vem da endometriose e a que não vem: “Há histórico de dor durante as menstruações, dor durante a relação sexual, dificuldade para engravidar. Também são fundamentais as imagens de ultrassom e ressonância.”