Por que o diagnóstico da endometriose é tardio?

Embora a endometriose seja uma doença frequente – estima-se que acometa uma em cada cinco mulheres em idade reprodutiva – e bastante estudada pela comunidade científica mundial, seu diagnóstico ainda é tardio, podendo levar até dez anos após os primeiros sintomas. Entretanto, quanto antes detectada, maiores as chances de boa resposta ao tratamento e controle dos sintomas.

A endometriose se caracteriza pela presença do tecido que recobre o interior do útero (endométrio) em outras partes do corpo. A demora no diagnóstico não só traz prejuízos para esses órgãos, como também faz com que a doença em estágio inicial progrida para a forma mais avançada (endometriose profunda), quando o tratamento é mais complexo.

Para o diagnóstico precoce, é fundamental se consultar com o médico regularmente e descrever com detalhes todos os sintomas, sobretudo se a mulher sente dores intensas durante a menstruação. A negligência a esse sintoma é um dos principais motivos para a demora na detecção da endometriose. Cólica menstrual progressiva, que atrapalha a qualidade de vida e não responde à medicação, é um indício importante e deve ser comentada com o ginecologista.

A partir da suspeita ou do diagnóstico da endometriose em fase inicial, o tratamento deve começar o mais breve possível, impedindo que a doença progrida. Com isso, preserva-se tanto a qualidade de vida da paciente quanto a capacidade de uma gestação futura, da forma menos agressiva possível. Eventualmente, a mulher pode até engravidar de modo espontâneo.

Como detectar a doença

Em muitos casos, o diagnóstico de endometriose é feito clinicamente, a partir do quadro da paciente – que, entre outros sintomas, também pode sentir dor durante a relação sexual, para evacuar e urinar, além de apresentar infertilidade – e do exame ginecológico. Durante o toque vaginal – e, quase sempre, retal –, o especialista pode notar a presença de nódulos e de cistos, além de identificar a dor na região pélvica.

No entanto, de um modo geral, podem ser necessários exames laboratoriais ou de imagem. A dosagem do marcador bioquímico CA-125 no sangue pode ajudar. Os exames de imagem mais usados são a ultrassonografia transvaginal especializada e a ressonância magnética da pelve (e algumas vezes abdominal também). A laparoscopia, procedimento cirúrgico minimamente invasivo, vem sendo cada vez menos usada para o diagnóstico. Atualmente a laparoscopia tem um papel relevante no tratamento, removendo as lesões visíveis.

Saiba mais sobre cada método:

  • Exame de sangue: embora não seja específico para endometriose, detecta se há aumento do marcador bioquímico CA-125, uma proteína presente na corrente sanguínea. O sangue para análise deve ser colhido no período menstrual e de preferência sem a paciente estar usando hormônio (pode diminuir os níveis do CA-125, dificultando o diagnóstico). Mas é importante frisar: somente em torno de 50% das mulheres com endometriose terão a taxa de CA-125 aumentada (acima de 35 U/ml). Portanto, um resultado negativo não descarta a ausência da doença. Outro inconveniente é sua pouca especificidade, já que outras doenças, como miomas e alguns tumores, podem provocar alterações semelhantes.
  • Ultrassonografia transvaginal especializada – deve ser feita com preparo intestinal. O ultrassom avalia a anatomia do sistema reprodutor feminino por meio da introdução de um transdutor pela vagina. Possibilita verificar o comprometimento do intestino em casos avançados (endometriose profunda) e, quando realizado por um profissional especializado em endometriose, diagnosticar a doença em fase mais precoce. O preparo ajuda a reduzir o conteúdo intestinal, aumentando a sensibilidade do exame para detectar lesões profundas não só nos órgãos ginecológicos, mas também nos locais mais frequentemente afetados pela doença, como a região retrocervical.
  • Ressonância magnética pélvica/abdominal com preparo intestinal: método sofisticado que possibilita um mapeamento completo das lesões da pelve e do abdome. É um exame mais completo e pode detectar lesões em nervos e em locais longe da pelve (como o diafragma, por exemplo). Assim como no ultrassom, também requer um profissional experiente na avaliação da endometriose. Para a equipe médica, complementa o estudo ultrassonográfico na avaliação pré e pós-operatória, sobretudo em pacientes com múltiplas lesões e muitas aderências. Por ser um exame não invasivo, é a melhor forma de diagnosticar a endometriose em adolescentes e mulheres virgens.
  • Laparoscopia: usada atualmente mais para o tratamento do que para o diagnóstico da endometriose. O procedimento é realizado através de pequenas incisões no abdome, por onde são introduzidos instrumentos ópticos para visão. Permite um tratamento minimamente invasivo e menos agressivo que a cirurgia tradicional (barriga aberta).

 


Fontes:
Endometriose Profunda – o que você precisa saber. Autor: Dr. Marco Aurelio Pinho de Oliveira Editora DILivros
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