Apesar da endometriose ser uma doença frequente, o tempo para o diagnóstico ainda é muito elevado: cerca de sete anos após o aparecimento dos primeiros sintomas, de acordo com estudos internacionais. A longa espera, geralmente marcada por consultas a médicos não habituados a lidar com a doença, expõe as portadoras a um verdadeiro calvário, com impacto negativo na qualidade de vida. O sofrimento mais evidente é o físico, porém o emocional pode ser ainda mais relevante. Os sintomas físicos da endometriose incluem dores muitas vezes incapacitantes, dores nas relações sexuais, desconforto ao evacuar e urinar, infertilidade e até mesmo dores na região lombar e nas coxas. Em alguns episódios, a falta de tratamento pode levar a problemas mais graves, como o de obstrução intestinal, se houver comprometimento extenso do intestino, e a perda das funções renais, caso a bexiga e os ureteres sejam prejudicados.
O segundo martírio, não em ordem de importância, é o mental. Muitas mulheres com endometriose relatam ter sido chamadas de exageradas ou “frescas” por pessoas próximas, inclusive outras mulheres que sustentam o mito de que dor na menstruação é normal e que não compreendem que a intensidade das cólicas de quem tem a doença é muito mais elevada. Há ainda os prejuízos profissionais, acadêmicos e sociais – devido à possibilidade de afastamento das atividades por conta das dores – e, eventualmente, na vida amorosa, em função das já citadas dificuldades para engravidar e pelas dores nas relações sexuais. Tudo isso faz com que a depressão seja relativamente comum entre as portadoras. O ginecologista deve estar atento a essas questões, dando apoio emocional e encaminhando para profissionais especializados sempre que necessário.