Arroz integral com brócolis, agrião ou rúcula, espinafre, tomate e beterraba. Para acompanhar, um peixe como sardinha, salmão, atum ou arenque, mas nada frito. Com as refeições ou ao longo do dia, semente de chia, quinoa, amaranto, gengibre e alcachofra são bem-vindos. E, para beber, chá verde – sem açúcar. Parece uma dieta para emagrecer, não é mesmo? Na verdade, esses alimentos fazem parte de algumas das muitas recomendações nutricionais para mulheres com endometriose.
A doença é definida pela presença de tecido do endométrio (células que recobrem o interior do útero) fora da cavidade uterina. Esse tecido pode crescer com o estímulo do estrogênio, hormônio produzido normalmente pela mulher.
Apesar de não haver um mecanismo definido para a ocorrência de endometriose, diversas questões podem estar envolvidas: fatores genéticos, alterações imunes, inflamação, estresse oxidativo, exposição a toxinas ambientais (como os ftalatos encontrados em embalagens de alimentos) e algumas deficiências nutricionais, como de vitamina D e ácidos graxos ômega-3.
“A nutrição pode agir modulando alguns desses fatores, como os inflamatórios e imunológicos. Pode ainda potencializar o processo de destoxificação hepática, favorecendo a eliminação de toxinas endógenas e ambientais, e também corrigir deficiências nutricionais. Além disso, alguns alimentos e compostos químicos estão relacionados à liberação estrogênica”, explica a nutricionista funcional Christiane Bin.
Outra questão fundamental, acrescenta a especialista, é tratar a disbiose, que nada mais é do que um desequilíbrio da flora intestinal.
“Para que o estrogênio em excesso seja devidamente eliminado do organismo, é preciso que a flora intestinal esteja preservada e que o intestino esteja funcionando corretamente. Na constipação intestinal, por exemplo, as bactérias patogênicas – ou seja, as ‘ruins’ – liberam enzimas que permitem que o hormônio que seria eliminado seja reabsorvido pelo corpo”, diz a nutricionista.
A correção da disbiose, segundo Christiane, também reduz a hiperpermeabilidade da mucosa intestinal e evita a reabsorção do estrogênio. Algumas dicas da nutricionista para corrigir esse problema incluem o consumo de probióticos (as chamadas “bactérias do bem”, como os lactobacilos) e prebióticos (alimentos ricos em inulina e fruto-oligossacarídeos que “alimentam” as bactérias do intestino), além de adequações na mastigação e na hidratação.
“A dieta deve ser restrita em açúcares, glúten, frituras e demais alimentos inflamatórios e que estimulam a sobrevivência de bactérias patógenas no intestino”, aconselha Christiane, que também recomenda outras intervenções na alimentação.“Controle do peso, normalização do metabolismo da glicose e da insulina e redução da exposição a toxinas do ambiente são medidas essenciais”, frisa a nutricionista.
O consumo de determinados alimentos e nutrientes é um poderoso aliado no controle da endometriose. Mas vale lembrar que toda dieta deve ser individualizada, respeitando as necessidades e até mesmo eventuais restrições alimentares de cada pessoa. Portanto, antes de começar qualquer dieta, converse com um médico e um nutricionista.
Medidas para corrigir a disbiose
A disbiose, segundo o dicionário “Michaelis”, é um transtorno causado pelo desequilíbrio e pela alteração da população bacteriana da flora intestinal, debilitando o funcionamento do organismo e diminuindo sua capacidade de defesa.
A correção do problema envolve adequações na mastigação, na hidratação e também na dieta, que deve ser restrita em açúcares, glúten, frituras e demais alimentos inflamatórios e que estimulam a sobrevivência de bactérias patógenas no intestino.
Além disso, o consumo de probióticos e prebióticos pode ser muito benéfico. Saiba mais sobre essas substâncias:
Probióticos
O que são: as chamadas “bactérias do bem”melhoram a saúde do intestino, facilitando a digestão e a absorção de nutrientes
Exemplos: iogurtes como Activia e leites fermentados tipo Yakult e Actimel são ricos em lactobacilos, que colonizam o intestino e regulam sua atividade, desde a digestão até a produção hormonal.
Prebióticos
O que são: alimentos ricos em inulina e fruto-oligossacarídeos que “alimentam” as bactérias do intestino
Exemplos: chicória, alho, alho-poró, banana, cebola, tomate, beterraba, aspargos, alcachofra, yacon
Substâncias e nutrientes que favorecem o controle da endometriose
Ômega 3
Benefício: diminui as citocinas pró-inflamatórias
Fontes: peixes (sardinha, salmão, atum, arenque), semente de chia
Vitamina D
Benefício: fortalece o sistema imunológico
Fontes: óleo de fígado de bacalhau, gema de ovo, ostras, sardinha, sol (a exposição diária favorece a produção desta vitamina)
Resveratrol
Benefício: potente antioxidante e anti-inflamatório
Fontes: uvas vermelhas, cacau
Magnésio
Benefício: contribui para a redução do processo inflamatório
Fontes: folhosos verde-escuros (agrião, rúcula, espinafre, escarola, chicória, almeirão, brócolis, couve-de-bruxelas, couve manteiga), alimentos integrais (gérmen de trigo, arroz, aveia, centeio, cevada, milho, quinoa, amaranto), semente de girassol, castanhas, tofu
Vitaminas do complexo B
Benefício: contribuem para a redução do processo inflamatório
Fontes: alimentos integrais, folhosos verde-escuros, carnes, peixes, queijo e ricota, feijões, cogumelos, algas marinhas, gema de ovo, semente de girassol, geleia real
Fibras
Benefício: aumentam a eliminação do estrogênio
Fontes: alimentos integrais, frutas, verduras cruas
Vale destacar ainda outros dois grupos de alimentos:
Gengibre, cúrcuma, pimenta cayena, chá verde e cebola roxa
Inibidores naturais da COX-2, substância responsável, no organismo, pelos fenômenos da inflamação
Passiflora caerulea, semente de uva e chá verde
Inibem a aromatase, impedindo a conversão de androgênios em estrogênios
Fonte: Nutricionista Christiane Bin (http://www.christianebin.com.br)