Dr. Marco Aurelio em entrevista ao programa Vida Saudável, da Rádio Globo

Em entrevista ao programa Vida Saudável, da Rádio Globo, o Dr. Marco Aurelio Pinho de Oliveira fala sobre Endometriose fora do sistema reprodutivo. Confira:

Rádio Globo: Para quem está em casa e não conhece, o que é endometriose?

Marco Aurélio: O próprio nome dá uma dica. Endometriose vem de endométrio que é um tecido normal que se encontra dentro do útero, ou seja, ele recobre o interior do útero. Só que quando esse tecido está fora do útero, ele se implanta e gruda em outros órgãos, aí se chama endometriose. Ou seja, é a presença do endométrio fora da sua localização habitual.

Rádio Globo: Muito bem. Agora, de que forma a endometriose pode prejudicar outros órgãos que não fazem parte do sistema reprodutivo?

Marco Aurélio: antes de falar especificamente sobre isso, vale a pena explicar como a endometriose chega nos órgãos reprodutivos. Normalmente, quando a mulher menstrua, parte do sangue, do tecido que é eliminado, cai dentro da barriga também, todo mês. Essas células, então, mês a mês, vão se aderindo, vão grudando nessas estruturas dos órgãos reprodutivos, como a trompa, os ovários, e também em outros órgãos que não fazem parte do sistema reprodutivo, pois a mulher deita, anda, corre, e o sangue vai banhando todos os órgãos. Então, qualquer órgão dentro da barriga pode ter implantes ou focos de endometriose. Mas é claro que o sangue fica mais na parte da pelve. Por isso, os órgãos reprodutivos são os mais comuns [de serem afetados], seguidos do intestino, que fica atrás do útero, ou até da bexiga, que fica na frente. Então o sangue, com essas células que caem mês a mês, quando a mulher menstrua, pode desenvolver esses implantes nos órgãos dentro da pelve e do abdome.

Rádio Globo: E quais são os sintomas da endometriose?

Marco Aurélio: Depende de onde está o foco. Por exemplo: se o foco da doença estiver no intestino, o que não é raro, a mulher pode reclamar de cólica menstrual, que é muito comum na endometriose, e de sentir dor para evacuar.  Ela vai ter também diarreia importante no período menstrual, ou seja, o movimento intestinal fica mais acelerado, mas com dor e, muitas vezes, tem muco ou sangue nas fezes. Esses sintomas mostram possível envolvimento do intestino pelo foco da endometriose. Mas se o foco estiver na bexiga, a mulher poderá sentir os sintomas de uma infecção urinária – aquela irritação na bexiga – mas sem ter nenhuma bactéria. Ou seja, o foco inflamado é que irrita a bexiga

Então, dependendo do órgão onde esteja o foco, a mulher vai apresentar sintomas distintos. Isso depende da extensão da doença, porque ela pode ter foco no intestino e na bexiga, ou somente no intestino. Pode, por exemplo, ter os ureteres atingidos. O ureter é aquele órgão que une o rim à bexiga, e se a endometriose fechar esse tubinho, que é o ureter, a mulher pode ter o rim dilatado e até perder esse órgão. E vale acrescentar que eu estou falando do refluxo menstrual que pega o intestino e a bexiga, mas é bom lembrar que a endometriose pode, em raríssimos casos, atingir a corrente sanguínea e se instalar bem distante da região da pelve. Por exemplo, no pulmão e no músculo do diafragma – aquele que ajuda a respirar. Pode atingir o fígado e os nervos (como na pelve e fora dela, e o nervo ciático). Há, ainda, a endometriose cerebral, óssea. Esses focos são raros, mas existem.

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