Endometriose: um mal que devasta o organismo da mulher

A endometriose continua crescendo no Brasil, principalmente entre as mulheres mais jovens, por falta de informação de pacientes e profissionais de saúde.  Trata-se de uma doença silenciosa que vem causando devastação no organismo feminino e está virando caso de saúde pública no país. Segundo o médico Claudio Crispi, como  é de difícil diagnóstico, uma vez que os sintomas são comuns a várias doenças, a endometriose destrói vários órgãos das pacientes, até ser descoberta. Uma de suas principais consequências é a infertilidade. Cerca de 50% dos casos de infertilidade  nas mulheres do mundo inteiro,  são causados pela doença, que atinge 15% da população feminina entre 15 e 45 anos.

Pelo grau de destruição da doença,  os países mais avançados da Europa e os Estados Unidas já mantêm campanhas permanentes de esclarecimento e reciclagem para médicos, para possibilitar um diagnóstico precoce e deter o avanço da doença. No Brasil, grande parte dos médicos que não são especialistas  ainda não sabe como lidar com a doença, que  tem sido detectada cerca de até  10 anos depois de seu aparecimento, o que pode mutilar a mulher.

Para contribuir na maior capacitação de médicos para o problema, será realizado nos dias 30 de novembro, 1 e 2 de dezembro, no Hotel Gran Nobile Rio Barra (antigo Sheraton), na Barra da Tijuca, o Simpósio Endometriose e Mioma in Rio. O evento vai abordar , entre outros temas,  as novas fronteiras no diagnóstico e tratamento da Endometriose e do Mioma, com transmissão de cirurgias ao vivo diretamente do Hospital Samaritano, na Barra. O Simpósio encerra a Campanha de Esclarecimentos sobre Endometriose 2017, que teve como madrinha este ano a atriz Camila Pitanga.

Cirurgia robótica é aliada

Coordenador geral do evento, Claudio Crispi , presidente do Instituto Crispi, alerta que a doença pode ser tratada com uma cirurgia que, quando bem realizada, não necessita de outras cirurgias, como vem ocorrendo em vários casos. Por isso, explica o professor, a necessidade de cursos de treinamento e capacitação, para que os profissionais fiquem realmente habilitados a tratar a Endometriose.

As cirurgias robóticas de Endometriose estão chegando ao Brasil com enorme sucesso, uma vez que são menos invasivas e traumatizam menos os tecidos. Elas já vem sendo utilizadas nos centros mais avançados do mundo, com altos índices de aprovação.  Segundo ele, a cirurgia robótica foi introduzida a partir do ano 2000, e vem tendo um aumento acentuado em suas indicações desde então. As cirurgias que são realizadas por via laparoscópica, podem ser feitas através do robô, com mais  eficácia e segurança.

O uso do robô Da Vinci, que é o utilizado no Brasil,  favorece uma cirurgia menos invasiva, com visualização muito melhor dos órgãos que estão sendo operados – a visão do cirurgião é em três dimensões –  tornando-se menos invasiva e levando a menor trauma dos tecidos.

Quem controla os movimentos do robô é o cirurgião que, através de um console especial, controla tudo o que acontece dentro do corpo. As pinças tem um movimento mais delicado e preciso devido a esta interface entre os braços do cirurgião e os órgãos do paciente que está sendo operado. As pinças robóticas foram especialmente desenhadas para simular os movimentos das mãos do cirurgião, permitindo uma destreza nunca alcançada pela cirurgia laparoscópica. O robô auxilia o cirurgião treinado  a realizar suas cirurgias com mais segurança e precisão.

No aparelho digestivo, praticamente todas as cirurgias podem ser realizadas através da assistência do robô. As cirurgias assistidas pelo robô ajudam sobremaneira o cirurgião a trazer maior benefício e segurança para seus pacientes, com uma recuperação muito mais rápida. No Rio, a cirurgia robótica de Endometriose já pode ser feita em alguns hospitais públicos, como o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Ambulatório de endometriose no Hupe faz 20 anos

O ambulatório de endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), comemora este mês 20 anos de funcionamento. Ao longo do período, 2.000 mulheres com idade entre 16 e 52 anos receberam tratamento contra a doença, principal causa de infertilidade feminina. Atualmente, há 10 vagas por semana, via Sistema Nacional de Regulação (Sisreg). O aniversário será celebrado durante o Endometriose In Rio, que acontece no dia 30 de novembro.

O ginecologista Marco Aurelio Pinho de Oliveira, idealizador do ambulatório, um dos coordenadores do evento, o problema causa sofrimento físico, fruto das dores muitas vezes incapacitantes, e psicológico, causado por pessoas próximas que não entendem que cólicas menstruais podem ser severas. “É muito comum ouvir portadoras serem chamadas de frescas, até mesmo por outras mulheres”, ressalta ele, que é autor do livro “Endometriose Profunda — O que você precisa saber”, primeiro do gênero voltado ao público leigo.

Saiba mais sobre a doença

O que é – A endometriose é um processo inflamatório decorrente do crescimento das células do endométrio, tecido que reveste o interior do útero, em outras regiões do organismo. Diversos órgãos do sistema reprodutivo, o intestino a bexiga e até mesmo outras regiões do organismo podem ser acometidos. Os principais sintomas são dores intensas durante o período menstrual, nas relações sexuais e ao evacuar e urinar, além de sangramentos na urina ou nas fezes. A infertilidade também é uma queixa comum.

Diagnóstico – Para definir se o quadro é ou não de endometriose, o ginecologista tem à sua disposição a história clínica (cólicas menstruais fortes e progressivas), a ressonância magnética (única indicada a meninas virgens) e a ultrassonografia transvaginal — ambas com preparo especializado. Esses recursos, entretanto, nem sempre conseguem identificar lesões inferiores a 1 centímetro. Os focos pequenos podem ser vistos por meio da laparoscopia, mas, como se trata de um procedimento cirúrgico, ela hoje é muito mais usada no tratamento do que no diagnóstico.

Tratamento – Uma vez que os indícios apontem para a doença, o tratamento pode ser realizado com contraceptivos hormonais de uso contínuo, capazes de bloquear o fluxo menstrual e, consequentemente, minimizar as dores típicas do período. Para as que não responderem bem ao medicamento, é recomendada a laparoscopia. É importante destacar, ainda, outro aspecto fundamental na escolha da abordagem terapêutica: a vontade de engravidar. Se a mulher decidir ter filhos, ela precisará ser submetida à laparoscopia ou a técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro — especialmente indicada quando não há queixas de dores e as lesões não são muito extensas.

 


 

Artigo publicado no site Vida & Ação

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