Exames específicos ajudam a detectar o quadro mesmo em mulheres virgens
A endometriose, processo inflamatório decorrente do crescimento do tecido que reveste o interior do útero em outros órgãos da região do baixo abdômen, é uma doença extremamente comum e amplamente estudada.
Apesar disso, o tempo médio para identificá-la está muito longe do ideal – cerca de 10 anos após o começo dos sintomas, segundo estudos internacionais. São três as principais razões para esta dificuldade na detecção da endometriose:
A primeira são os sinais genéricos: dores na região pélvica nas relações sexuais, além de distúrbios intestinais e urinários, que podem ser causados por diversas enfermidades além da endometriose.
A segunda é a crença de que sentir dor durante a menstruação é normal. Não só não é normal, como o pensamento submete as portadoras de endometriose ao sofrimento de serem chamadas de “frescas” por colegas de trabalho, amigos e familiares – incluindo as mulheres.
A terceira é a localização dos focos de endometriose, que não são perceptíveis nos exames de rotina, incluindo o preventivo.
Como a endometriose é diagnosticada?
Para definir se o quadro é ou não de endometriose, o ginecologista tem à sua disposição a história clínica, que conta com fatores como cólicas menstruais fortes e progressivas.
Diante disto, ele pode lançar mão de dois tipos de exame:
- A ultrassonografia transvaginal, que normalmente é indicada para meninas e mulheres que já perderam a virgindade.
- E a ressonância magnética, um exame não invasivo e a melhor forma de diagnosticar o problema em mulheres virgens.
Esses recursos, entretanto, nem sempre conseguem identificar lesões inferiores a um centímetro. Os focos pequenos podem ser visualizados por meio da laparoscopia, mas, como se trata de um procedimento cirúrgico, ela hoje é muito mais usada no tratamento do que na detecção.
O diagnóstico, portanto, é muitas vezes fundamentado apenas na análise clínica da paciente. Uma vez que os indícios apontem para a doença, o tratamento pode ser realizado com contraceptivos hormonais de uso contínuo, capazes de bloquear o fluxo menstrual e, consequentemente, minimizar as dores típicas do período. Para as que não responderem bem ao medicamento, é recomendada a laparoscopia.
É importante destacar, ainda, outro aspecto fundamental na escolha da abordagem terapêutica: a vontade de engravidar. Se a mulher decidir ter filhos, ela poderá precisar ser submetida à laparoscopia ou a técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro – especialmente indicada quando não há queixas de dores e as lesões de endometriose não são muito extensas.
A importância do diagnóstico precoce da endometriose
Infelizmente, a demora no diagnóstico pode trazer consequências graves como comprometimento dos intestinos e via urinárias e risco aumentado de infertilidade, fruto de danos aos ovários e às trompas. Portanto, é importante buscar um médico se você desconfia que tem a doença.
Avise ao seu ginecologista sempre que sentir dor e seja bastante detalhista na conversa: quanto mais informações ele tiver sobre o seu quadro, maiores serão as chances de descobrir e tratar precocemente a doença. Exemplos de informações que podem ajudar o especialista são: a intensidade da dor (e se está relacionada a fraquezas e desmaios), se neste período você tem variações intestinais (se ele fica mais preso ou mais solto), ou mesmo se sente enjoos e náuseas.
Se você for filha de portadora, não deixe de mencionar, pois a endometriose também está relacionada a fatores genéticos transmitidos pela família da mãe. Não se sabe ainda se há hereditária por parte da família do pai.
E, acima de tudo, mantenha um estilo de vida saudável: alimentação adequada e exercícios físicos são importantes para a prevenção e controle do distúrbio.
Artigo publicado originalmente no site minhavida.com.br.