Mitos e verdades sobre endometriose

Nem tudo o que se fala sobre endometriose é verdade. Apesar de muitas mulheres sofrerem com a doença, existem mitos que devem ser esclarecidos sobre seus sintomas e tratamentos. O ginecologista Marco Aurelio Pinho de Oliveira alerta para algumas dúvidas que ainda assustam o universo feminino. Ele é chefe do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ), e autor do livro “Endometriose profunda – O que você precisa saber”.

VERDADES SOBRE ENDOMETRIOSE

Pode causar infertilidade

Sim. A falta de tratamento vai causando processos de aderência e infiltração dos focos da doença em órgãos vizinhos, podendo atingir o intestino, os ovários e a bexiga. Além disso, pode causar infertilidade em casos avançados e quadros de dores crônicas, mesmo fora do período menstrual.

Não tem cura

Essa é uma doença que não tem cura, mas tem controle. Uma vez descoberta a endometriose, a mulher deve sempre estar atenta e ir com regularidade ao seu ginecologista, porque há sempre a chance de a doença retornar.

A pílula anticoncepcional pode ser uma alternativa

Em casos de grau leve de endometriose, é possível a indicação de diferentes medicamentos hormonais. Um dos mais conhecidos é a pílula anticoncepcional, que pode ser usada de modo contínuo (sem pausa para menstruar) durante um determinado período e depois ser interrompida, caso a mulher deseje engravidar.

Existe mais de uma opção de tratamento medicamentoso

Sim. Além do anticoncepcional, há também implantes, adesivo de uso contínuo, anel vaginal, injetáveis e outras opções eficazes na parada da menstruação. Quando a doença está em fase mais avançada e já se instalou profundamente na região do intestino, como na bexiga – estágio chamado endometriose profunda –, uma alternativa ao tratamento medicamentoso é a laparoscopia convencional ou a cirurgia robótica.

MITOS SOBRE ENDOMETRIOSE

Pode causar câncer no ovário

Não existe essa associação, embora a endometriose possa aumentar a chance de desenvolver um cisto pequeno, que pode ou não ser maligno. A associação é extremamente baixa, a ponto de normalmente não ser levada em conta no tratamento. O câncer depende de outros fatores, inclusive genéticos, para se desenvolver.

É uma doença silenciosa

Raramente. Grande parte dos casos apresenta sintomas como cólica menstrual em graus variados, dificuldade para engravidar, alterações intestinais durante a época da menstruação, dor para evacuar e desconforto durante a relação sexual. Algumas mulheres têm ainda ansiedade ou depressão.

É causada pelo aumento do fluxo menstrual

O aumento do fluxo menstrual pode, em tese, aumentar a chance de endometriose, especialmente quando existe obstrução à saída do sangue (por exemplo, em algumas malformações uterinas). Na verdade, a endometriose depende do estrógeno, hormônio feminino produzido pelo ovário, para se desenvolver. Ela ocorre quando o tecido endometrial (que reveste a parede interna do útero) vai parar em cima de outros órgãos, como tubas, ovários, bexiga e intestino. Sem o devido tratamento, o tecido pode crescer e se infiltrar nos órgãos, por causa do próprio estímulo hormonal. A doença pode estar associada à predisposição genética, estilo de vida, queda do sistema imunológico e alterações no fluxo menstrual.

Quem tem endometriose nunca mais poderá engravidar

Mito. Na maioria das vezes, a infertilidade pode ser revertida com tratamento adequado. Além da cirurgia laparoscópica, que oferece bons resultados, mesmo em casos mais graves, a mulher ainda pode optar pela fertilização in vitro.

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